Quando criança, em Belo Horizonte, William costumava cantarolar pelos cantos trechos das músicas de Chico Buarque, particularmente de “Geni e o Zepelin”. Ainda sem saber o que aquelas palavras significavam, o garoto já mostrava apreço especial pela música popular brasileira. Mas o que Dona Anésia, mãe e incentivadora do zagueiro do Corinthians, não sabia é que ali iniciava uma paixão que se tornaria idolatria.
O sonho de William é conhecer o cantor carioca, mas isso ainda não foi possível, embora ele já tenha tentado. Para compensar essa frustração, o jogador aceitou um convite para conhecer o Bar Roda Viva, na Vila Madalena, tradicional bairro boêmio de São Paulo. O local, totalmente decorado com quadros sobre a carreira de Chico, é uma homenagem a um dos principais nomes da música brasileira.
- Comecei a gostar de Chico Buarque por influência da minha mãe. Dona de casa, ela cuidava de mim e da minha irmã escutando as músicas dele durante os afazeres domésticos. Inicialmente, eu escutava sem prestar atenção, mas depois que você fica mais velho começa a perceber a história que há em cada letra - declarou o corintiano, enquanto apreciavas os quadros com as capas de discos."Eu escrevo coisas bobas, cafonas, como rimar amor com dor, pão com cão".
William gosta tanto de Chico que procura incentivar todos aqueles que estão a sua volta. Mas se no futebol ele tem dificuldades, já que o pagode e o sertanejo predominam entre a “boleirada”, com sua namorada, Carol, ele teve sucesso.
- Eu procuro incentivar as outras pessoas a ouvirem Chico Buarque. Tenho até um grupo que se reúne na minha casa para ouvir e conversar. No futebol, é claro, os jogadores gostam de outro estilo, mas eu respeito. Quem acabou pegando gosto pela música dele foi a minha namorada, Carol - contou o camisa 4.
Foi para sua paixão, aliás, que William escreveu um dos seus poucos poemas. Apesar de admitir que não tem talento para tanto, o zagueiro sabe que ao menos o seu esforço em agradar com lindas palavras é válido. E nelas têm um toque de Chico.
- É claro que as letras me ajudam, mas longe de mim querer escrever igual ao Chico. Eu escrevo coisas bobas, cafonas, como rimar amor com dor, pão com cão... Na verdade eu faço poucos poemas, nada que me incentivasse ir mais longe com isso. De tão ruim que fica me dá até amnésia para não lembrar (risos). Acho que as pessoas acabem gostando porque valorizam o meu esforço – brincou o jogador.
Chico Buarque inspira as poesias de William
Aos 33 anos e com futuro encaminhado (ele investe na produção de eucaliptos), William quer sossego para “degustar” as músicas do seu ídolo. E é por isso que ele estuda encerrar a carreira no final de 2010, ano do centenário do Timão. Por enquanto é um plano, mas que tem tudo para virar realidade caso não haja imprevistos.
- Não é irreversível, mas está sendo planejada. Em 2004, eu também tinha estudado me aposentar e ir para a Inglaterra estudar inglês. Mas resolvi participar de mais um estadual pelo Ipatinga. Fomos campeões mineiros e a aposentadoria que estava certa foi adiada. Agora estou planejamento novamente para 2010 - disse o zagueiro.
William, por sinal, é um tipo raro no futebol brasileiro atualmente. Daqueles que mede as palavras para não entrar em polêmicas, mas que ao mesmo tempo não deixa de dar a sua opinião. Como nos casos recentes de mala branca. Sobre o assunto, a opinião do jogador do Timão é bem clara: tudo que é para o bem é válido.
- Não acho demérito receber um incentivo para ganhar. As pessoas fazem uma tempestade em copo d’água. O time que reclama hoje é o mesmo que vai dar incentivo amanhã. É hipocrisia - comentou o zagueiro corintiano.
No próximo domingo, em Campinas, ainda sem William, que trata uma fratura em um dos dedos do pé, o Corinthians recebe o Flamengo, pela penúltima rodada do Brasileirão. Embora o Timão não tenha mais objetivos na competição, a equipe carioca é uma das candidatas ao título. Tem apenas um ponto a menos que o líder São Paulo.
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